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Com que roupa eu vou cantar?

A moda assumiu, a partir do século 20, função de destaque na música popular, sendo o primeiro aspecto de identidade do público com seus futuros ídolos

TEXTO Débora Nascimento

01 de Dezembro de 2011

Imagens Divulgação

No mês de outubro, a banda Restart fez o anúncio de uma mudança em seu visual. O quarteto de pop rock, autodenominado de happy rock, avisou que, com a chegada do novo CD, Geração Z, deixará um pouco de lado as roupas e acessórios coloridos, típicos dos anos 1980, tão marcantes na imagem do grupo. Os quatro integrantes vão, agora, apostar num look mais rock’n’roll, inspirado nas vestimentas do início da carreira dos Beatles. Essa notícia, aparentemente sem relevância, é, no entanto, mais uma amostra do papel que a moda conquistou, a partir do século 20, na música popular, tornando o figurino o primeiro aspecto através do qual o público se identifica com um artista, antes mesmo de ouvir qualquer nota musical.

Essa preocupação dos músicos com a aparência, claro, não começou com os membros do Restart, e muito menos com Lady Gaga, hoje um dos maiores símbolos do uso de figurino para vender música. Isso vem se firmando, cada vez mais, no mercado fonográfico. “A moda e a música são duas formas intimamente conectadas de mundanidade, duas práticas sociais que andam de mãos dadas, sustentando uma a outra nos meios de comunicação de massa e se alimentando de sensibilidade comum, que se traduz em gosto”, afirma a escritora Patrizia Calefato, em The clothed body.

No Brasil, um dos exemplos mais famosos de uso de indumentária para incrementar uma performance está em Carmen Miranda. A cantora portuguesa, radicada no Rio de Janeiro, ganhou fama contando não apenas com seu talento e carisma, mas também trajando roupas, acessórios e balangandãs extravagantes. A saia repleta de babados, o turbante colorido com enfeites de frutas, a maquiagem marcante, as diversas pulseiras e as sandálias de salto plataforma fizeram da intérprete uma das imagens mais reconhecíveis mundo afora, assim como Che e sua boina.

Nos EUA, onde passou a trabalhar, a partir de 1939, seu visual exótico foi bem-recebido. No entanto, a composição alegre, continuamente explorada nas dezenas de filmes em que atuava, carregava ideias preconcebidas sobre o south american way, tornando-se um fardo para a própria artista, a ponto de ela querer mostrar-se sem os adornos folclóricos. A resposta dos executivos da Fox foi ultrajante: não somente a obrigaram a usar todo o aparato, como ainda foi feita uma montagem em cena, a contragosto, na qual ela aparece carregando o imenso turbante de bananas na coreografia de The lady in the tutti-frutti hat, trecho do musical The gang`s all here (1943). Depois desse episódio, a estrela ainda permaneceu no estúdio até 1947, mas, logo, assinou contrato com a MGM, na qual ficou até sua morte, em 1955.

Assim como a Pequena Notável, Luiz Gonzaga também é outro exemplo de artista brasileiro que ficou marcado pelos trajes, com a diferença de que os vestia de bom grado. Mas nem sempre se apresentou da maneira que ficou registrada no imaginário popular. No início de sua carreira, o músico fazia shows vestido como um crooner, envergando um elegante paletó e um distinto chapéu, que lhe rendiam ares de galã, de acordo com os apelos da época. A partir do momento em que começou a compor e a cantar músicas baseadas nos ritmos nordestinos, o sanfoneiro passou a modificar seu guarda-roupa, primeiro usando um chapéu de couro, para, em seguida, radicalizar. “O Rei do Baião queria representar plenamente sua terra. Nesse ano de 1953, ele trocou, então, o terno de casimira por um gibão de couro, a gravata por uma cartucheira, o sapato de verniz por sandálias, e adquiriu um modelo de chapéu maior, mais vistoso e parecido com o de Lampião”, conta Dominique Dreyfus, no livro Vida do viajante: a saga de Luiz Gonzaga. Esse visual, inspirado nas vestimentas dos cangaceiros, tornou-se um emblema tão forte para o forró quanto a jaqueta preta de couro para o rock.


Ternos usados pelos Beatles, em 1963, foram inspirados em criação de Pierre Cardin.
Foto: Reprodução

A tal peça de roupa, típica dos Estados Unidos, teve sua primeira grande difusão com o filme O selvagem, coincidentemente lançado em 1953, ano em que Gonzagão copiou o look de seu ídolo, Lampião. Na película, o ator Marlon Brando vestia jaqueta preta de couro, complementando com calça jeans, camiseta de algodão, botas e boina. Foi a faísca que disseminou toda uma cultura de como o jovem deveria se vestir (e até se comportar). Esse visual, ainda reforçado pelo filme Rebelde sem causa (1955), com James Dean, influenciou milhares de adolescentes, como o jovem de Memphis, Elvis Presley. Nesse período, a palavraroupa deixava de designar apenas um artefato que atendia às demandas climáticas, para virar objeto com outros significados. “O vínculo, portanto, entre o produto e um conteúdo que se lhe imputa passa a ser como que necessário, de tal modo que, ao ser adquirido, não é apenas uma roupa que está sendo comprada, mas tudo aquilo que ela representa”, afirma Umberto Eco, em Viagem na irrealidade cotidiana.

UNIFORME DE JOVEM
Não demorou, então, até essa configuração rocker tornar-se uma espécie de fardamento para muitos jovens, inclusive os integrantes dos Beatles, em seus primeiros shows. A partir de 1963, e durante a fase iê-iê-iê, o grupo passou a usar terninhos. Dentre eles, o célebre modelo, eternizado na capa do single I want to hold your hand, que foi confeccionado pelo alfaiate Douglas Millings, sob influência da Collarless jacket (jaqueta sem colarinho), inovadora criação do estilista francês Pierre Cardin, um dos responsáveis pela revolução na moda, na década de 1960, e pelo advento do Prêt-à-porter.

Essa ideia de uniformizar conjuntos musicais ganhou bastante projeção nos sixties e pode ser vista tanto em grupos masculinos quanto femininos, tornando-se uma espécie de “febre” ou “praga” fashion da época. Até os Rolling Stones, que eram mais “contra a corrente”, chegaram a utilizar o artefato para fazer suas primeiras fotos de divulgação. “Nunca vi ninguém perder um terno tão rapidamente”, afirmou Keith Richards, sobre o fato de não ter gostado da vestimenta “careta”.

Os famigerados terninhos também fizeram parte do visual teddy boy, típico dos anos 1950, e também do mod, disseminado na Londres dos anos 1960, por grupos de rock como o The Who, no início da carreira. O look transmitia um ar de sofisticação, mas sem deixar de ser cool. O estilo, que arrebatou a Swinging London, é considerado por especialistas em moda como um dos mais influentes de todos os tempos. Trinta anos depois, ele voltou a ser fonte de inspiração para o guarda-roupa de bandas da “nova cena do rock”, como Strokes e Franz Ferdinand, e do badalado produtor musical inglês Mark Ronson.

Ao contrário do The Who, que passou a modificar seus trajes e se mostrar de forma mais espontânea, o Ramones, o estimado grupo de punk rock americano, usou e abusou do primeiro (e único) visual que lhe marcou. O guitarrista Johnny Ramone, que costumava assumir a liderança do quarteto do Queens, obrigava os integrantes a vestirem-se sempre da mesma forma: jaqueta preta de couro, camiseta de algodão, calça jeans, tênis e, finalizando, o famoso corte de cabelo de franjão.


O Selvagem, de 1953, com o ator Marlon Brando, lançou o visual rocker.
Foto: Reprodução

Mas o maior exemplo de que o punk rock foi célebre em lançar moda não está nos Ramones. E, sim, nos Sex Pistols. Apesar de não ter criado esse visual, a banda inglesa acabou sendo seu principal canal de divulgação. “Cria de laboratório” do produtor Malcolm McLaren, o grupo foi produzido por ele com a função paralela, além da música, claro, de promover a marca Sex, da loja de roupas Let It Rock, de McLaren e sua esposa, a estilista Vivienne Westwood. Mas, na realidade, o estilo, que incluía o cabelo espetado, foi absorvido do músico americano Richard Hell (da banda pré-punk Televison), que o produtor conheceu na casa de shows CBGB’s, quando estava em Nova York. A carreira de Vivienne resistiu ao fim do grupo, em 1978, e ela vem seguindo, até hoje, como um importante nome da moda mundial. No Brasil, sua assinatura consta em modelos da Melissa, servindo como chancela para a venda da marca de calçados de plástico no mercado internacional.

O movimento punk não somente deu às pessoas o direito de usar camisetas de algodão com dizeres rebeldes, a partir daquelas que o vocalista do Sex Pistols, Johnny Rotten, e o guirrista do Television, Richard Lloyd, usavam (com as frases “Eu odeio Pink Floyd” e “Mate-me, por favor”, respectivamente), como também o de circular por aí com acessórios de metal e cabelos desgrenhados, espetados e... sujos.

A repercussão e popularização desse visual foi tamanha, que ele acabou sendo consumido por conceituadas marcas e grandes redes de lojas – o que pode ser conferido em qualquer magazine. Desde então, ninguém mais se espanta ao ver alguém circulando por aí com uma calça jeans rasgada e um corte moicano nos cabelos (hoje, um dos mais caros dos salões de beleza), que, da cabeça de Joe Strummer, vocalista do The Clash, chegou à do jogador Neymar, do Santos, virando sua “logomarca”, copiada por fãs e outros jogadores.

ELOGIO PELA CÓPIA
A cópia, em alguns casos, é uma espécie de elogio e comprovante de sucesso. Nos anos 1950, o imenso topete repleto de brilhantina do Rei do Rock foi emulado à exaustão por diversos músicos, a exemplo dos adolescentes George Harrison e John Lennon – que ainda usava óculos iguais aos de outro ídolo seu, Buddy Holly. Num dos trechos engraçados do documentário sobre Harrison, Living in the material world (2011), de Martin Scorsese, Paul McCartney dá um depoimento no qual imita a voz de um colega de turma do colegial que costumava zombar da cabeleira à Elvis do ex-guitarrista dos Beatles: It’s a fucking turban! (em tradução livre, “É um baita turbante!”).

No quesito “estilo de se vestir”, a carreira do Rei do Rock teve dois grandes momentos – o primeiro, dos anos 1954 até 1968, e outro, imediatamente posterior, quando, inspirado na vestimenta dos lutadores de karatê, esporte que praticava, teve a ideia de criar um macacão branco adornado com enfeites e detalhes brilhosos. (Há também rumores de que a roupa foi reproduzida de um dos figurinos do cantor Liberace, de quem era amigo.) Essa indumentária acabou se transformando na imagem máxima de Elvis, mesmo numa fase em que sua carreira já estava estagnada e ele se encontrava em luta com a balança e as drogas. Esse visual foi, e é, até hoje, copiado mundo afora, inclusive no Recife, pelo cantor Reginaldo Rossi, o Rei do Brega. Um dos célebres macacões de Elvis, que tinha um pavão bordado em azul e dourado, foi vendido a um fã, em agosto de 2008, por US$ 300 mil (R$ 477 mil), batendo recorde de valor dentre peças, já leiloadas, do seu guarda-roupa.


O personagem andrógino Ziggy Stardust, figura máxima do glam rock, alçou o cantor inglês David Bowie à condição de ícone fashion. Foto: Reprodução 

Apontado como “um branco que cantava música de negro”, Presley, sem pretender, tornou-se uma figura essencial na aproximação entre as raças segregadas nos Estados Unidos, processo que ganharia força nos anos 1960, com a propagação de personalidades emblemáticas como o ativista Martin Luther King, o comediante Bill Cosby e o ator Sidney Poitier. Nesse contexto, surgia, em Detroit, em 1959, a Motown, gravadora voltada apenas para músicos negros. Para aprimorar seu cast, em 1964, a empresa contratou Maxine Powell, que fundou o Departamento de Desenvolvimento de Artistas da Motown, responsável por transmitir regras de etiqueta e de comportamento aos contratados, além de consultoria para assuntos de moda. A instrutora os preparava com extremo rigor, cuidando da aparência dos artistas, que se apresentavam impecáveis dos sapatos aos penteados.

O resultado disso podia ser conferido na elegância dos Temptations, Stevie Wonder, Lionel Ritchie, Smokey Robinson & The Miracles, Jackson Five e Marvin Gaye, entre outros. Num tributo a Powell, na Broadway, em 1975, Diana Ross, ex-membro do trio Supremes – no qual envergava deslumbrantes vestidos – apresentou a homenageada como “a senhora que me ensinou tudo o que sei”.

Para a musicóloga Jaqueline Warwick, a uniformidade dos grupos femininos da Motown domesticou a performance musical feminina numa esfera privada, com uma imagem que indicava relacionamentos familiares (em vários casos, membros desses grupos eram, de fato, parentes). “Vestir-se da mesma forma pode, de um lado, parecer reminiscência de gangues e agressão. No caso da música pop, pode sugerir algo diferente: a segurança do seio da família, da casa e do lar”, afirma Janice Miller, no livro Fashion and music, lançado em setembro, nos Estados Unidos.

CALDEIRÃO DE ESTILOS
Na década de 1970, além do punk, mais outros quatro gêneros musicais também se lançaram e utilizaram componentes visuais específicos para se promover. Um deles, o heavy metal, começou a se destacar por um rock pesado, tocado em alto volume, e com os integrantes das bandas exibindo longas cabeleiras e vestindo roupas pretas. Até hoje, os headbangers, os “batedores de cabeça”, fãs do estilo musical e seus subgêneros, podem ser facilmente reconhecidos nas ruas. Naqueles anos, o hip-hop e o reggae viriam exaltar, cada um à sua maneira, a cultura negra e o orgulho da raça, e isso se percebia também no modo de seus ouvintes se vestirem. Da Jamaica, Bob Marley, Peter Tosh, entre outros, propagavam os dreadlocks, espessas mechas de cabelos unidas, além de roupas com as cores do país. Já a cultura hip-hop abusava dostreet wear, com calças jeans folgadas, camisetas grandes, bonés, tênis (geralmente, de marcas famosas e caras) e, em alguns casos, acessórios de prata, ouro e até pedras preciosas. Mas, por outro lado, há músicos que criticam essa faceta consumista do movimento. O Public Enemy, por exemplo, optou por não usar joias caras, numa atitude contra o materialismo.

Ainda naquela década, o glam rock, ao contrário do punk, reggae, heavy metal e hip-hop, trouxe uma postura mais libertária com relação aos limites entre os sexos, explorando bastante a androginia. A figura top desse estilo chamava-se David Bowie, que se tornou o maior ícone da moda dentre os músicos, mesmo tendo fortes concorrentes como Little Richard, James Brown, Prince, Brian Ferry, Brian Eno, Mick Jagger, Michael Jackson e o man in black Johnny Cash.

Ao abandonar o visual mezzo comportado do início da carreira (afinal, chegou a manter cabelos longos no começo dos 1960 e, de vez em quando, vestia-se de mulher, segundo a biografia Bowie, de Marc Spitz), o músico inglês passou a usar roupas extravagantes, cabelos bem coloridos, salto alto, maiôs e toda sorte de maquiagem, e deu a si um novo nome: Ziggy Stardust. A criatura, surgida em 1972, esteve presente em música, disco, show e fez tanto sucesso, que estava ficando maior que seu criador. Por isso, ganhou morte premeditada, em 1973. Mas Bowie, desde então, nunca deixou de surpreender a plateia com sua contínua renovação de aparência. Vale lembrar que o eco do glam – ou glitter rock – chegou até ao Brasil, na indumentária do Secos & Molhados, que, segundo relatos, teve sua maquiagem copiada pelo Kiss, grupo de hard rock e heavy metal americano.


A cantora pop Madonna, com sua moda boy toy, transformou-se em símbolo de
libertação feminina nos anos 1980. Foto: Reprodução

Assim como Bowie, conhecido como o Camaleão do Rock, tanto por seu ecletismo musical quanto pela diversidade de estilos com que se apresenta, outra figura também pode ser enquadrada nesse perfil. A cantora Madonna, além de fazer variações de gênero musical em cada um de seus discos, também surge com um visual diferente, sempre que um deles é lançado. Mesmo com o look andrógino de Chrissie Hynde (ex-Pretenders), Annie Lennox e Sinèad O’Connor (que raspou a cabeça para contrariar a gravadora) e o despojamento de Cyndi Lauper e Cher, a Material Girl, quem diria, passou a ser apontada como símbolo da libertação da figura feminina nos anos 1980, inspirando uma infinidade de cantoras pop. Sua influência pode ser percebida em Beyoncé, Rihanna, Kylie Minogue, Lady Gaga, Britney Spears, Cristina Aguilera, Shakira e até em Joelma (da banda paraense Calypso), e em grupos como Spice Girls.

A autora Sheila Whiteley, em Too much, too young – Popular music, age and gender (2000), fez uma leitura feminista das Spice Girls como provedoras de possibilidades para a identidade feminina, ao apresentarem cinco imagens diferentes. Para ela, as cinco garotas inglesas, assim como Madonna, postularam o modelo de potencial liberação para jovens mulheres das limitações da feminilidade.

Em Madonna, isso teria sido simbolizado através da moda boy toy (brinquedo de garoto) – luvas de renda, cinto com o brasão Boy Toy, legging, couro e minissaia. Para o historiador John Fiske, em Reading the popular (1989), “o apelo de Madonna para suas fãs meninas (wanna-bes) reside largamente no controle que ela tem de sua própria imagem e em sua asserção de direito à uma sexualidade feminina independente”. Hoje, a conexão da cantora com o mundo fashion vai além do icônico figurino de Jean Paul Gautier para a turnê Blond ambition (1990). O poder da Rainha do Pop é tão grande, que qualquer peça que utilizar tem um imediato potencial mercadológico. Não contente com isso, ela, em 2012, vai lançar a própria marca de roupas.

INSPIRAÇÃO POPULAR
Além do figurino destinado a shows, alguns artistas também lançaram moda, ao utilizar elementos peculiares. Isso ocorreu nos anos 1990, em dois movimentos musicais. Tendo à frente bandas como o nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains, o grunge, surgido em Seattle (EUA), mostrava sua face, com os músicos usando bermudões folgados, botas e camisas de flanela – a indumentária dos lenhadores da região. Foi o bastante para que os fãs ao redor do mundo se vestissem da mesma forma – até as lojas populares passaram a vender produtos, apropriando-se do visual desses novos rock stars.

Paralelamente, o Recife, que passou a ser chamada na mídia de “a Seattle brasileira”, começava a lançar diversas bandas, dando origem ao manguebeat. Conceberam um manifesto e elegeram como acessório-chave o chapéu de palha, artefato usado por pescadores e agricultores no nordeste do Brasil. A peça seguiu firme até poucos meses após a morte de Chico Science, compositor e vocalista da Nação Zumbi, em março de 1997; depois, caiu em desuso, mas até hoje é lembrada como um símbolo desse levante artístico, que colocou Pernambuco de volta ao cenário da música popular brasileira contemporânea.

Segundo afirmou o músico Noel McLaughlin, em Rock, fashion and performativity, “o sentido de se vestir será mudado, alterado, amplificado e contestado pelas convenções musicais e performáticas e associações nas quais estas estão inseridas”. O sentido de se vestir pode até ser afetado, desde que não seja pelo vestido de carne de Lady Gaga. 

DÉBORA NASCIMENTO, repórter especial da revista Continente.

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