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Rael Lyra

Um super-herói pernambucano

TEXTO Gabriela Almeida

01 de Novembro de 2013

Imagem Reprodução

Se você é ou foi um leitor assíduo de histórias em quadrinhos e um jogador de eletrônicos, vai se identificar com o trabalho do ilustrador pernambucano Rael Lyra. Mas, caso não se encaixe em nenhum dos perfis, não se preocupe, esse não vai ser um texto cheio de jargões e, tampouco, a obra de Rael se limita a essas duas plataformas. Basta você ter lido alguns Almanaques da Turma da Mônica ou ter praticado seus dotes nerds jogando Snake (aquele famoso jogo da cobrinha), para entender a magia por trás do universo desse artista. Mais difícil que estabelecer empatia com ele é imaginar como esse quadrinista e concept artist (profissional que conceitua o visual de um jogo eletrônico) conseguiu, sem sair do Recife, participar de publicações da Marvel e de jogos da Sony.


Estudo para o jogo Downfall: clash of faction. Imagem: Reprodução

“Comecei a desenhar porque gostava de criar personagem, mas não enxergava como poderia trabalhar com isso. Então, achei que o quadrinho seria o mais próximo”. Assim, Rael também escolheu cursar Artes Plásticas, na Universidade Federal de Pernambuco, e começou a buscar pessoas que pudessem guiá-lo por esse caminho. Do Recife, fez contato com a antiga Fábrica de Quadrinhos, hoje a Quanta Academia de Artes, uma escola de São Paulo, na qual teve sua primeira grande publicação, a Quebra-Queixo.


Rael Lyra ilustrou a série Dune, publicada pela Boom! Studios.
Imagem: Reprodução

Em pouco tempo, chamou a atenção do mercado “gringo” e foi convidado, em 2004, para ilustrar a edição 25 da saga X-Men unlimited, publicada pela Marvel Comics e distribuída no Brasil pela Editora Panini. Seis anos depois, voltou a trabalhar com a Marvel na edição 14 do quadrinho Nation X, ilustrando a história de Wolverine, um dos protagonistas da série X-Men. Dessa mesma publicação, participaram ilustradores como Mike Allres (criador da personagem Madman e vencedor do prêmio Harvey Award for Best New Series) e Niko Henrichon (criador de várias capas da Marvel e da DC Comics, em séries como a do Quarteto Fantástico).


Gabiru, Seba e Considerado são desenhos criados para praticar técnicas.
Imagem: Reprodução

Em 2007, surgiu a possibilidade de trabalhar também com jogos eletrônicos. “Quando se é quadrinista, o natural é procurar um estilo próprio, para que sua autoria se evidencie nas publicações. Mas quando se trabalha com concept art é o contrário, você tem um estilo, mas precisa ser versátil. Tanto faz trabalhar com um conceito mais cartoon, fazendo bonequinhos engraçados, como pegar um trabalho mais realista, como um game de guerra”. Com a experiência dos quadrinhos e muitos anos de desenho em bloquinhos, Rael encontrou um traço próprio, a partir do qual pôde navegar por estilos bem distintos.


Original da edição 14 da Nation-X, publicada pela Marvel Comics.
Imagem: Reprodução

Trabalhando para a Playlore, empresa recifense que desenvolve e cria games, Rael produziu jogos para a Sony, como o DC Universe Online (RPG que se pode jogar com os personagens Batman, Robin, Super-Homem ou Mulher Maravilha, por exemplo) e Star wars galaxies, além das criações da própria Playlore, como Downfall: clash of faction (para aparelhos Apple, como Iphone e Ipad), seu trabalho mais recente.


Personagem inspirado no ator Ron Pearlman, produzido para a Playlore.
Imagem: Reprodução

O fato é que, para jogos ou histórias em quadrinhos, Rael Lyra é um legítimo criador de super-heróis. Portanto, ele seria o ilustrador perfeito para criar um Batman mangue boy, com ou sem máscara, mas que vestisse pelo menos uma capa, para salvar as nossas “Gotham Cities” castigadas. 

GABRIELA ALMEIDA, estudante de Jornalismo e estagiária da Continente.

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