Arquivo

Acervo: Agora está tudo digitalizado

Cepe Editora disponibiliza em site publicações e documentos históricos de Pernambuco, entre eles jornais que circularam no século 19, no Recife

TEXTO LAÍS ARAÚJO
FOTOS OTAVIO DE SOUZA

01 de Outubro de 2014

Primeiras reproduções foram de periódicos da Hemeroteca do Arquivo Público Estadual

Primeiras reproduções foram de periódicos da Hemeroteca do Arquivo Público Estadual

Foto Otavio de Souza

O acesso a publicações e documentos históricos de Pernambuco será amplamente facilitado: a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), que desde 2012 modernizou seu processo de digitalização, disponibiliza, a partir do dia 1º de outubro, arquivos públicos reunidos para pesquisa online. Além de aumentar a disponibilidade do acervo de interesse coletivo a pesquisadores e curiosos, o projeto utiliza a tecnologia de reconhecimento ótico de caracteres, que lê as imagens escaneadas e transforma os arquivos em texto, possibilitando buscas e edições. O material será disponibilizado no novo site da Cepe.

O serviço de digitalização de documentos serve tanto para conservação de patrimônio cultural, geralmente requerida ou feita em parceria com órgãos públicos, como também para serviço comercial da editora, que atende empresas privadas e públicas – de condomínios a órgãos administrativos – que desejam melhorar sua comunicação interna a partir da modernização de seus documentos. “Nós iniciamos esse serviço há dois anos, com equipamento que permite a digitalização de grandes formatos: jornais, mapas, documentos históricos, e todo tipo de publicação que não pode ser exposta a digitalizadores comuns. Nosso equipamento não danifica o papel durante o processo”, explica Igor Burgos, gerente de digitalização da Companhia Editora de Pernambuco.

O primeiro projeto nesse sentido foi a conversão digital de documentos da Hemeroteca do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano, que preserva e põe à disposição periódicos de Pernambuco. O contrato seguinte foi com a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara: 273 mil documentos referentes à ditadura militar foram digitalizados. No primeiro dia de outubro, todos esses documentos poderão ser acessados por qualquer interessado na seção Cepe Documento do novo site da editora.

Entre os documentos históricos digitalizados do Arquivo Público, estão também disponíveis 14 mil páginas de títulos jornalísticos do século 19, e 114 mil páginas do jornal Diário da Manhã, com conteúdo que vai do seu ano de fundação, em 1927, até 1985.

Martiniano Lins Filho, funcionário da Companhia Editora de Pernambuco que atua no processo de transformação digital, explica que mesmo o material antes interditado por causa de sua deterioração poderá ser acessado agora em sua versão eletrônica. “Muitos documentos estavam num estado de deterioração avançado, com acesso restrito, mesmo a pesquisadores. Nós desencadernamos essas publicações e conseguimos escaneá-las sem danos à sua estrutura.” Com o serviço, a preservação é certificada, e a possibilidade de acesso, multiplicada. “A preservação de documentos já estava prevista como projeto social da empresa, então foi muito natural investirmos mais no processo.”

Pedro Moura, coordenador do Arquivo Público Estadual, explica que a consulta ao acervo físico da instituição continua liberada, como ocorria antes da transformação digital, mas acredita que os interessados terão mais comodidade em realizar suas buscas pela internet. “De uma forma geral, esse processo tem sido aplicado em grandes arquivos e centros de documentação. O objetivo é facilitar cada vez mais o acesso e melhorar a guarda, conservação e preservação desses periódicos, muitos dos quais raríssimos”, conta Pedro.


Coordenador do Arquivo Público destaca a melhora da guarda e a facilitação do acesso pelo público à digitalização

Ele fala também sobre as expectativas de benefício para a comunidade acadêmica no nível estadual e nacional. “Com a digitalização desse acervo valioso, e tendo seu acesso garantido de forma livre e fácil através de um portal, toda a comunidade acadêmica será favorecida. Muitos já nos procuram em busca desse acervo. Isso irá facilitar, em muito, os trabalhos de dissertações e teses.”

A própria instituição também é beneficiada: não apenas por ter parte de seu arquivo entregue a mais pessoas, mas também porque a disponibilidade virtual atua como fator direto na conservação dos exemplares físicos. “Uma vez digitalizado e disponibilizado virtualmente, temos melhores condições para uma guarda mais consistente do suporte papel, ajudando na sua preservação. O público que procura conhecimentos também terá maior comodidade na pesquisa”, avalia Pedro Moura. Ele acrescenta que existem diversos projetos dentro do Arquivo Pùblico, para digitalização e microfilmagem do acervo documental. “Estamos selecionando títulos de periódicos e organizando o material, para que a Companhia Editora de Pernambuco possa continuar com essa atividade. É uma parceria que não tem prazo para acabar.”

O projeto de digitalização continua também com outras instituições. Entre os próximos projetos de interesse público, estão o acervo do Instituto Miguel Arraes (IMA) e do Instituto Dom Helder Camara (IDHeC). Ambos possuem grande quantidade de itens biográficos e históricos, que também serão disponibilizados na seção Cepe Documento.

Tombado como patrimônio cultural pelo Governo do Estado de Pernambuco, o acervo do IMA possui cerca de 270 mil itens, coletados desde a década de 1930: fotografias, recortes de jornais, correspondências – inclusive, entre Miguel Arraes e Dom Helder – e boletins informativos. Já o acervo de Dom Helder possui manuscritos, livros, meditações (pequenos textos poéticos e espirituais), imagens e discursos. Com a tecnologia utilizada pela Cepe, todos esses arquivos poderão, em breve, ser acessados livremente.

Clique AQUI para acessar o acervo digital. 

LAÍS ARAÚJO, estudante de Jornalismo e estagiária da revista Continente.
OTAVIO DE SOUZA, fotógrafo.

Publicidade

veja também

Suzhou: Para contemplar a passagem do tempo

Araripe: Na chapada, a primeira floresta nacional

Vicente Masip: O pensador que não protela a ação