Edição #167

Novembro 14

Nesta edição

Design Cidade

Como visualizar as cidades norte-americanas e seus lugares de fluxo (rodovias, postos de gasolina, motéis) e não lembrar as fotografias de Walker Evans (acima) ou as pinturas de Edward Hopper, e suas precisas composições de urbanismo, arquitetura e design? Como pensar luminosos e não “ver” Tóquio e Las Vegas? Ainda, como trazer à tela mental lugares degradados e não associá-los à imagem atual de Detroit ou dos cumes pichados de edifícios do centro de São Paulo? Sinais de trânsito, letreiros, fachadas, neons, placas de orientação, cartazes, marcas de produtos expostas pela urbe e o que mais a gente puder imaginar está impregnado de design. Sendo assim, que relação ele e seus agentes mantêm com o espaço urbano?

Nesta edição da Continente, instigados pela realização da mostra Cidade gráfica, na capital paulista, fomos em busca de respostas às questões acima colocadas. Entre outros resultados trazidos pela reportagem de Luciana Veras, percebemos que “não existe design desvinculado do contexto, do local em que se forja ou da presunção do usuário a que se destina”, como ela mesma escreve.

Um dos nossos entrevistados, Gentil Porto Filho, arquiteto e pesquisador, afirma que a tendência do setor é a universalização, decorrente dos processos de industrialização. “A tendência da indústria”, diz ele, “é achatar as particularidades, porque ser uniforme é mais barato, mais simples, tem praticidade, velocidade e produtividade. Como planejar a partir de forças econômicas que tendem a padronizar, como produzir diferenças? Hoje, o Recife sofre pressões do mercado imobiliário, por exemplo, e da própria natureza da produção industrial. Essas forças tendem a apagar o que há de específico, mas encontram resistência nos hábitos de cada lugar, o que naturalmente gera uma disputa. O design deve proceder pelo não apagamento da diferença”.

A essa visão política, acrescenta-se a crítica feita por Celso Longo, um dos curadores de Cidade gráfica, que destaca o embate entre mercado x conscientização pública. “A despolitização é uma crítica recorrente que faço à prática do design”, aponta Longo, na reportagem. “É preciso parar de pensar só no objeto enquanto construção de lógica interna e introduzir a consciência crítica, segundo a qual as decisões do designer afetam a vida coletiva, de pessoas que ele não conhece e de uma variedade de indivíduos e de grupos”, defende, como você lerá a seguir.

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