Edição #179

Novembro 15

Nesta edição

Bibliofilia

Que tipo de relação você mantém com os livros? Prefere as edições de bolso, mais em conta; busca novas edições, com prefácios, comentários críticos; presta atenção – no caso dos estrangeiros – no autor da tradução; não pode saber do lançamento de uma edição luxuosa, design caprichado, que vai correndo adquirir o seu; ou é “rato” de sebos, sempre em busca de um exemplar raro? Você é apegado aos seus exemplares, metódico na sua guarda e arrumação; ou se considera desprendido, pois assim que acaba de ler já quer passar o volume adiante, para espalhar a leitura?

É possível que você se identifi que com mais de uma dessas características, e enumere outras mais a esse respeito. Nesta edição, somos todos bibliófi los, porque cultivamos o amor aos livros, esses objetos feitos somente de papel e tinta. Na nossa matéria de capa, estamos junto – pelo menos em intenção, se não em bens – de espíritos como o de José Mindlin (1914-2010), que foi um dos maiores bibliófi los do Brasil, tendo legado às atuais gerações um acervo precioso de livros, hoje sob a guarda da USP, na Biblioteca Brasiliana Guida e José Mindlin.

No fi nal da década de 1990, o empresário paulista publicou Uma vida entre livros, em que conta a sua relação com obras literárias, autores, editores. Numa apresentação bem honesta, ele escreve: “O livro exerce uma atração multiforme, que vai muito além da leitura, embora esta seja um ponto de partida fundamental. Em primeiro lugar, existe sempre a ilusão de que se vai conseguir ler mais do que na realidade se consegue. Depois vem o desejo de ter à mão o maior número possível de obras de um autor de quem se gosta – já é o começo de uma coleção. Conseguindo o conjunto, que sempre se quer o mais completo possível, surge o interesse pelas primeiras edições, geralmente raras, e a atração pelo livro como objeto, e também como objeto de arte, em que entra a qualidade do projeto gráfi co, a ilustração, a diagramação, o papel, a tipografi a, a encadernação”. Como um “viciado”, ele conclui esse raciocínio dizendo que, ao fi nal, esse leitor estará “irremediavelmente perdido”, tendo com esses objetos uma relação “quase patológica”.

É neste caminho que segue nossa matéria de capa, observando tal comportamento que – estranhamente, na sociedade digital – sobrevive, dandonos a alegre impressão de que bibliotecas fenomenais estão a se formar por aí.

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