Edição #187

Julho 16

Nesta edição

Teatro e Globalização

Em tempos de mídias digitais e de contatos rápidos e diretos entre povos, países e culturas, as artes, de modo geral, têm sido palco de trocas e ressignificações constantes. Com o teatro não é diferente. Hoje, coletivos brasileiros estão circulando por festivais fora do país e conseguido estabelecer diálogos bastante profícuos. Porém, esse trânsito não é algo novo.

Desde a década de 1990, convivemos com o termo globalização, porém os casos de conectividades entre países remontariam a séculos antes, nos anos 1500, quando das grandes navegações. Com o passar dos anos, essa troca cultural só fez aumentar e se consolidar. Atento a esses fluxos, o teatrólogo Christopher Balme coordena o projeto História Global do Teatro, promovido pela Ludwig Maximilians Universität de Munique, Alemanha. Seu objetivo é pensar o papel do teatro nesse processo, que, por ser anterior ao cinema, à internet e à TV, foi um dos primeiros instrumentos para o intercâmbio de realidades estrangeiras. Suas reflexões provocaram a matéria de capa desta edição.

Há séculos, grupos teatrais cruzavam os mares, levando espetáculos ao Novo Mundo, em excursões que se mostravam um negócio lucrativo. Essa circulação foi fundamental, por exemplo, para que a cultura francesa se propagasse. Nesse contexto, a atriz Sarah Benhardt, primeira a ser considerada uma estrela mundial, trouxe ao Brasil uma montagem de Fedra, no século XIX. Antes disso, na Europa, grupos italianos de commedia dell’arte circularam países, mesmo que perseguidos pela Igreja, que se opunha ao seu caráter francamente profano.

Nesses trânsitos, alguns gêneros teatrais se consolidam e se impõem mundialmente. Hoje, os musicais americanos se massificaram, fazendo com que peças da Broadway, como O Rei Leão e Cats, se tornassem verdadeiras franquias. No Brasil, montagens nessa linha têm ganhado espaço junto ao público, tanto na realização de espetáculos originais como aqueles já bemsucedidos. No entanto, essa globalização teatral, que pode gerar padronização, também é capaz de provocar diálogos entre grupos de vários lugares.

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