Edição #199

Julho 17

Nesta edição

Hermilo Borba Filho

Uma boa notícia é que, neste ano do seu centenário, a obra de Hermilo Borba Filho (1917–1976) será relançada pela Cepe. Toda, não, mas seus contos, algumas peças e romances. Como escreveu o colaborador Luiz Roberto Leite Farias, a obra do escritor conversa com a literatura contemporânea brasileira. “Ao olharmos para a sua literatura, desde sua última publicação – o pequeno romance póstumo Os ambulantes de Deus, em 1976 –, ainda é possível ver sua obra dialogando com temas e aspectos da literatura do século XXI, apesar de esta ter, aparentemente, se domesticado um pouco quanto a experimentos formais. O fato é que Borba Filho utilizou-se de todas as possibilidades que, desde James Joyce, até então, a forma do romance permitia, resultando – especialmente em Agá – numa obra de leitura desafiante, de sentido aberto, fragmentada, de enredo mínimo ou nenhum, com a forte presença da ironia e da metalinguagem, ou seja, quanto a esse último aspecto, uma literatura que dialoga consigo mesma, muitas vezes pela voz do narrador que discute seu próprio processo de criação artística e escrita”, aponta Farias, que compartilha com o professor Anco Márcio Tenório Vieira a matéria de capa desta edição da Continente.

Outro assunto que nos mobiliza nesta edição, também ligado às Letras, é a pouco conhecida – no Brasil – literatura de matriz hispânica produzida na África. Quem nos traz essas informações são os pesquisadores e professores da UFRN Rogério Mendes e Amarino Queiroz, que produziram um dossiê que indica um cenário tantas vezes inóspito de criação literária, como explicita, em entrevista exclusiva à revista, o escritor guinéu-equatoriano Juan Tomás Ávila Laurel, que teve de se exilar do seu país (submetido a uma ditadura há quase meio século), mas que, por isso mesmo, realiza uma obra combativa, política, intrinsecamente ligada às tradições da Guiné Equatorial.

Por fim, leitor, não gostaríamos de nos despedir sem lhe antecipar que, a partir de agosto, a Continente terá um novo projeto editorial, que visa a uma fruição dos conteúdos diferente da atual, mesmo que continuemos a navegar pelo território do jornalismo cultural. Acompanhem e comentem a mudança!

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