Edição #203

Novembro 17

Nesta edição

Representatividade negra

“O passado escravocrata fez com que apenas certos espaços fossem permitidos para a população negra. Para além dos serviços subalternos, herdeiros de uma outrora realidade colonial, era permitido que o homem ou a mulher negra tivessem algum tipo de êxito social em lugares como os esportes (principalmente o futebol) e a música (claro que em manifestações populares, como o samba). Mas em outras áreas de conhecimento, das ciências às artes, a invisibilidade da produção dessas pessoas perdurou por muito tempo, incluindo aí a não valorização ou até mesmo o embranquecimento de alguns artistas. Nas artes visuais, isso é ainda mais marcado.” 

O trecho acima é um dos primeiros da nossa matéria de capa desta edição e define o caminho por ele traçado: o de observar criticamente a presença de negros nas artes visuais, a partir da produção de artistas jovens e contemporâneos. Desde quando começamos a discutir essa proposta nas nossas reuniões de pautas, alguns princípios nos balizavam, como o de buscar o máximo de representatividade dos próprios agentes da questão discutida, não apenas na pertinência da escolha dos artistas que protagonizariam o debate, mas também em relação a quem faria a reportagem. Foi assim que encontramos, em São Paulo, Christiane Gomes, jornalista negra e membro do conselho editorial da revista de artes negras O Menelick 2º ato. Mais uma vez, como ocorreu conosco aqui na Redação para a preparação da matéria sobre a situação dos indígenas hoje no Brasil (capa da edição de abril deste ano, nº 196), aprendíamos também um pouco mais sobre a importância de dar voz ao outro, deixando que ele fale por si. Aprendizado constante e jamais dado por encerrado.

No percurso de produção dessa reportagem, ainda, encontramos – através da interlocução com nossa colaboradora paulista – artistas com trabalhos os mais diversos, mas que trazem em comum a contundência crítica, a atualidade criativa, a pertinência. Portanto, leitor, acreditamos estar lhe oferecendo um recorte justo de apresentação e análise da arte produzida por negros e negras no Brasil de hoje. Esperamos que, assim como para nós, este encontro seja rico e transformador para você.

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