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"Vou fazer uma análise da obra de Simião Martiniano"

Até então curtametragista, Camilo Cavalcante lança seu primeiro longa, 'A história da eternidade', e fala sobre o futuro do seu novo trabalho

TEXTO Luciana Veras

01 de Setembro de 2014

Camilo Cavalcante

Camilo Cavalcante

Foto Mario Miranda Filho/Divulgação

[conteúdo vinculado à reportagem de "Claquete" | ed. 165 | set 2014]

Ele começou a escrever e dirigir quando ainda estudava
Jornalismo na Universidade Federal de Pernambuco. Leviatã, de 1999, foi seu projeto de conclusão de curso, mas Camilo Cavalcante já havia feito Os dois velhinhos, Hambre hombre, Alma cega, Amorte e Matarás – começando em 1996 e usando Betacam ou S-VHS, os formatos mais acessíveis na época. Antes de A história da eternidade, vieram o curta homônimo, de 2003 (melhor direção no Festival de Brasília e melhor ficção no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2005), e outros filmes laureados, a exemplo de O velho, o mar e o lago (2000) e O presidente dos Estados Unidos (2007). Sobre os rumos que seu longa tomará a partir de agora, o cineasta pernambucano falou à Continente.

CONTINENTE Depois de Paulínia, qual a previsão de lançamento para A história da eternidade?
CAMILO CAVALCANTE Devemos lançar em fevereiro de 2015. Quem vai distribuir é a Ludwig Maia Arthouse, empresa de Marcello Ludwig Maia, que foi um dos produtores de A história da eternidade. Vai ser um lançamento pequeno, mas o bom é que, até lá, o filme vai girar pelos festivais. Agora em setembro, por exemplo, estaremos no Festival de Vitória – 21º Vitória Cine Vídeo, e depois no Curta-SE – Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe. Em outubro, vamos à 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e estaremos na 7ª Janela Internacional de Cinema do Recife. Nesse semestre, ainda, vamos exibir no Pachamama – Cinema de Fronteira, no Acre.

CONTINENTE O circuito de festivais lhe agrada como estratégia de divulgação?
CAMILO CAVALCANTE Sim. Fiquei surpreso com o resultado em Paulínia, toda equipe ficou, e acredito que vai ser bom para favorecer a circulação do filme. Como realizador, gosto de participar dos festivais porque vejo neles uma chance do meu filme chegar a lugares aonde talvez não chegasse, com a distribuição comercial. Por exemplo, talvez A história da eternidade não chegasse a Vitória, caso não houvesse o festival.

CONTINENTE Como analisa A história da eternidade no contexto de sua carreira, em especial em relação ao curta homônimo?
CAMILO CAVALCANTE Se formos comparar o longa e o curta, perceberemos que há o contexto da paisagem e da alma sertanejas, mas a única coisa que se repete é a Oração de São Francisco, que aparece nos dois filmes. O curta tem uma linguagem mais experimental, já o longa conta uma história. Acho que nos dois há a sinestesia e a minha necessidade de falar da vida e da morte, que de um jeito ou de outro está presente em todos os meus filmes. Algumas pessoas falam da violência, mas ela existe desde que o mundo é mundo. Caim e Abel, inspiração para os irmãos em A história da eternidade, são a violência escrita na Bíblia.

CONTINENTE Algum plano para o momento pós-A história da eternidade?
CAMILO CAVALCANTE Quero voltar a estudar, fazer um mestrado, mergulhar nessa “teoria dos infernos”. Penso em fazer na UFPB, para ser algo diferente, já que minha graduação foi na UFPE. E até já escolhi meu objeto de estudo: vou fazer uma análise da obra de Simião Martiniano. Porque ele merece. 

LUCIANA VERAS, repórter especial da revista Continente.

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