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Formação de leitores e pequenos cidadãos

Companhia Editora de Pernambuco inicia, a partir deste mês, série de lançamentos de livros infantojuvenis, resultado de concurso literário

TEXTO Gianni Paula de Melo

01 de Outubro de 2011

'O coelho sem cartola', escrito por Ana Cristina Silva Abreu e ilustrado por Rivaldo Barboza, está em fase de finalização

'O coelho sem cartola', escrito por Ana Cristina Silva Abreu e ilustrado por Rivaldo Barboza, está em fase de finalização

Foto Chico Ludermir

[conteúdo vinculado à reportagem de capa | ed. 130 | outubro 2011]

No mês em que se comemora o Dia das Crianças,
a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) aproveita para lançar livros selecionados no primeiro Concurso Cepe de Literatura Infantil e Juvenil, realizado em 2010. A iniciativa bem-sucedida, do ano passado, gerou atribuições maiores para a editora que, além de realizar a segunda edição do concurso em 2011, inaugurou um departamento para desenvolver projetos e viabilizar outras publicações nesse segmento. A presidente da instituição, Leda Alves, entende essa novidade como um desdobramento da preocupação cultural que já é característica dos projetos anteriores: “A Cepe tem uma missão social e isso significa um compromisso com os interesses da população de Pernambuco. Quando surgiu a ideia de um concurso infantojuvenil, nós refletimos sobre como as crianças estão aprendendo, desde cedo, a mexer na internet, e pensamos que também era preciso dar para elas o antigo instrumento formativo, que é o livro, a leitura no sentido mais amplo da palavra”.

Visando suprir a lacuna do mercado editorial local, referente à produção para crianças e adolescentes, a Cepe passa a atuar efetivamente na formação de leitores e pequenos cidadãos. Leda Alves acredita que o mais importante nessas publicações é uma conciliação entre valores estéticos e humanos: “Acho que o principal é usar elementos e personagens da nossa vida, do cotidiano e do mundo mágico próprio das crianças, reforçando elementos de solidariedade e combate à discriminação, temas com os quais elas estão convivendo muito depressa. Além de tudo, temos a preocupação com o aspecto literário propriamente, a forma de escrever”, comenta.

Para coordenar o departamento e intermediar ações entre a Cepe e os espaços de educação, a diretoria convidou a escritora e professora universitária Luzilá Gonçalves Ferreira, que atuará como supervisora desse setor. A própria escritora lançará, pelo selo infantil, o livro A cabra sonhadora, com ilustrações de Luciano Pinheiro, junto aos contemplados pelo concurso. Sua narrativa, inspirada numa experiência cotidiana, abriga elementos característicos da cultura pernambucana, sendo esse, também, um critério importante para a editora. “A nossa coleção vai ter um sentido de pernambucanidade, porque esse é um compromisso editorial. No entanto, conciliaremos isso com as temáticas universais”, explica Luzilá.


Entre as obras publicadas, está Anjo de rua, com texto de Manuel
Constantino e ilustrações de Roberto Ploeg. Imagem: Divulgação

A escritora chama a atenção à responsabilidade atrelada à criação de textos para serem fruídos na infância, pois entende que, nessa fase, existe mais abertura às diversas linguagens. “Fazer literatura infantil e juvenil não é você escrever qualquer brincadeirinha, envolve uma sensibilidade importante, porque, quando a gente desperta uma pessoa para a beleza, a gente não a segura mais”. Luzilá acrescenta, ainda, que o autor precisa se divertir no processo de criação – sem ser leviano; ele não deve ser autoritário na forma de interagir com as crianças.

PUBLICAÇÕES
Ao todo, nove publicações da Cepe para esse segmento de público serão apresentadas neste mês das crianças:

oito participantes do concurso e a já citada A cabra sonhadora, de Luzilá Gonçalves Ferreira. Dentre as obras juvenis, teremos não só Anjo de rua, escrita por Manoel Constantino e ilustrada pelo artista plástico Roberto Ploeg, e A cor da palavra, de Urian Agria de Souza – primeiro e segundo colocados da categoria, respectivamente –, mas também a narrativa que recebeu menção honrosa, intitulada Roda moinho, com texto de Eloí Bocheco e ilustrações de Pedro Zenival.


O conto do garoto que não é especial, de Lucas Mariz, foi o vencedor do 1º lugar.
Imagem: Divulgação

A coleção infantil é formada pelos livros: O conto do garoto que não é especial, com texto de Lucas Mariz e imagens de Igor Colares; O coelho sem cartola, escrito por Ana Cristina Silva Abreu e ilustrado por Rivaldo Barboza; A dona Barata (diz que foi) à guerra, escrito por Francisco Hélio de Sousa e com imagens de Ana Karina Freitas; Bia Baobá – A incrível história da menina que mudou de nome, de Itamar Morgado, e O mundo de uma menina de sonho, de Renata Wirthmann, sendo os dois últimos ilustrados por Márcio Moreira.

Em novembro, o catálogo deverá ser ampliado com a finalização dos livros Em memória, de Júnior Camilo Gomes, Nasci pra ser Madonna, de Gisele Werneck, e Histórias de Encantarerê, de Rejane Paschoal. Em dezembro, ficará pronto o livro Chuvisco, de Felipe Arruda. Os trabalhos submetidos à disputa, neste 2011, estão em processo de avaliação e o resultado ainda não tem data definida para ser divulgado. Apesar da redução no número de inscritos – a primeira edição contou com 435 obras e, este ano, foram 333 –, Luzilá afirma que houve um ganho de qualidade e que o julgamento dos originais está sendo ainda mais difícil. 

GIANNI PAULA DE MELO, estudante de Jornalismo e estagiária da Continente.

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