Curtas

Inteiro metade

Novo álbum de Tagua Tagua, projeto e alcunha pela qual também é conhecido o músico Felipe Puperi, lança álbum sobre transformação e ressignificação

TEXTO Augusto Tenório

26 de Outubro de 2020

O artista Felipe Puperi

O artista Felipe Puperi

Foto Guillermo Calvin/Divulgação

[conteúdo exclusivo Continente Online]

Tagua Tagua, projeto e alcunha artística pela qual também é conhecido Felipe Puperi, nos convida a uma viagem íntima através do seu mais novo disco, Inteiro metade. O álbum, lançado neste mês pela Natura Musical, é composto por canções inéditas e outras que já saíram como singles durante os últimos meses, dando outras direções para o rhythm and blues e soul. O título pode ser interpretado como um novo marco na carreira do cantor e compositor, ao mesmo tempo em que segue o tom já aclamado pelos fãs nos seus álbuns anteriores, Tombamento inevitável (2017) e Pedaço vivo (2018).

“No Inteiro metade, me senti mais livre criativamente. Me parece que tem muito a ver com entender melhor o que significa esse projeto pra mim e o que eu quero dizer com ele. O Tombamento foi uma total descoberta, o Pedaço vivo experimentação e, nesse último, fiquei mais à vontade para fazer escolhas pontuais e conscientes. Acho que soube melhor os momentos de ser simples e mínimo nas músicas que pediram isso. É um disco mais interior e mais filosófico no sentido de questionar, olhar pra dentro, analisar questões subjetivas e amplas como os sentimentos, por exemplo”, comenta Felipe Puperi em entrevista à Continente.

O disco abre com Mesmo lugar, faixa já conhecida entre os fãs que acompanharam o lançamento da canção como single. Ela canta o início de um processo de ressignificação, que é continuado ao longo das outras oito faixas. O fechamento se dá com Do mundo, que se diferencia das demais canções pelo seu ritmo mais lento, amarrando uma história de libertação e renascimento.

Mas não só no “eu” aposta o disco. Por se debruçar também sobre as relações humanas, percebe-se, nas letras, uma identificação talvez incomum entre outros discos intimistas, tendo a capacidade de dialogar com pessoas diferentes que vivem fases diferentes da vida. Prova disso é que, mesmo estando pronto desde o ano passado, foi lançado em meio à pandemia do novo coronavírus e, por traduzirem o carrossel de emoções que tomam conta de um indivíduo, suas letras possuem uma certa conexão com a nossa "realidade" atual.

Sobre essa readaptação, o músico gaúcho comenta: “O disco sempre tratou do tema ‘ressignificação’. Acabou que os singles lançados este ano também ganharam outros significados pras pessoas. (...) Lançamos quatro singles desde março, o que deu tempo para as pessoas irem se familiarizando com o universo do álbum. Pelas mensagens e relatos que recebi durante esse período, sei que ele ajudou a aliviar um pouco o isolamento de muita gente. (...) O ábum fala de encontrar um novo espaço para uma mesma pessoa dentro da nossa vida, sobre sentir falta, saudade, desejo, tristeza, euforia, alegria, vontade. Eu já passei por isso, todo mundo passa em algum momento. Ou você transforma os sentimentos e mantém as pessoas que você tanto ama por perto, ou terá que abrir mão e deletar elas da sua vida. Fico sempre com a primeira opção, mas claro que isso envolve todo esse processo, que normalmente leva tempo e é um longo caminho a ser trilhado pelos envolvidos”.

O projeto de Inteiro metade foi realizado após seleção pela Natura Musical, em 2019, através da Lei de Incentivo à Cultura (financiado pelo Governo do Estado – Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul). O lançamento na Europa é realizado pelo selo Costa Futuro, dirigido por Sebastian Ruiz-Tagle. Nos EUA, acontece de forma independente. Você pode escutá-lo através deste link.

AUGUSTO TENÓRIO é jornalista e, por vezes, cronista.

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