Entrevista

“Estamos na metade do caminho do que podemos fazer”

Aos 83 anos, Maurício de Sousa investe na renovação da Turma da Mônica e tem muitos planos para os personagens do bairro do Limoeiro. Confira entrevista exclusiva

TEXTO Paulo Floro

20 de Setembro de 2019

Quadrinista se destaca pelo sucesso de público e pela influência na cultura pop

Quadrinista se destaca pelo sucesso de público e pela influência na cultura pop

FOTO Thiago Medeiros/Divulgação

[conteúdo exclusivo Continente Online]

Quase uma centena de pessoas esperava do lado de fora por um momento com Maurício de Sousa, 83 anos, durante sua breve passagem pelo Recife, em junho, na ocasião de inauguração da primeira Estação Turma da Mônica do Nordeste (e segunda no Brasil). Trata-se de um parque infantil com livraria, lanchonete e diversos brinquedos, um modelo de negócios que torna bastante evidente a popularidade daqueles personagens. O que mais chamava atenção na fila era a diversidade etária do público, o que chegava a contrastar com o apelo infantil daquele espaço. Adultos, adolescentes e crianças pediam autógrafos e fotos para um dos maiores quadrinistas do Brasil (e provavelmente o mais famoso), o que denota seu incrível apelo e influência dentro da cultura pop brasileira.

Poucos autores de HQs no mundo gozam do prestígio e poder mercadológico que Maurício de Sousa ostenta. Frequentemente comparado a nomes como o norte-americano Walt Disney e o japonês Osamu Tezuka, Maurício sai na frente pela longevidade com que toca os negócios. Com mais de 60 anos de carreira, ele ainda hoje supervisiona todos os projetos de sua editora, o que inclui a linha de quadrinhos principal (campeã de vendas no segmento infantojuvenil de gibis), séries animadas para TV, graphic novels, brinquedos, parques, licenciamentos diversos, um canal do YouTube com mais de 1 bilhão de visualizações e um longa-metragem que acaba de sair (mais um está a caminho). Os números são hiperlativos e praticamente não encontram paralelo no mercado editorial nacional. Já foram mais de 1,2 bilhão de gibis vendidos em 60 anos, com mais de 400 personagens em todo o universo da MSP (Maurício de Sousa Produções).

O lançamento do longa-metragem com atores reais soa como a coroação de um sucesso que começou a ser trilhado quando Maurício ainda era um jovem jornalista policial. O filme Turma da Mônica – Laços, dirigido por Daniel Rezende, contou com uma busca intensa que envolveu 7,5 mil candidatos ao longo de seis meses para encontrar os atores mirins perfeitos para encarnar Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. “Fico muito orgulhoso em saber que estamos produzindo um material nacional que não deixa a dever a nenhum outro no mundo”, diz Maurício, bem seguro do resultado de um dos mais ambiciosos projetos de sua carreira. “Os atores são perfeitos, idênticos, exatamente como eu sempre pensei quando os imaginava de carne e osso.”


Cascão, Cebolinha, Mônica e Magali no filme Turma da Mônica - Laços Foto: Divulgação

A chegada do filme aos cinemas é o ápice de um processo de renovação da Maurício de Sousa Produções, que levou a empresa a buscar novos públicos e diversificar sua atuação. Em 2013, chegou às livrarias a série Graphic MSP, em que quadrinistas brasileiros emprestavam sua visão aos personagens da casa, de maneira bastante autoral. Já a série Turma da Mônica Jovem trazia personagens adolescentes em tramas aventurescas, com um estilo muito próximo do mangá. Este ano, foi a vez de Geração 12, uma nova série, esta, sim, desenhada em puro mangá, cuja maior ambição é alcançar o concorrido mercado japonês. A expansão internacional é outro sonho do autor, que já viu a Mônica chegar em 30 países, entre eles, EUA e China. Aos 83 anos, “eu tenho tantos projetos e tantos sonhos, que digo que estamos ainda na metade do caminho do que podemos fazer”.

Por toda essa presença no imaginário brasileiro, a relação do público com os personagens da Turma da Mônica adentra um campo afetivo que fala muito sobre nossa memória coletiva. Ao mesmo tempo, esses personagens já tão cristalizados na cultura popular vivem no escrutínio de conviver com as mudanças na sociedade. Se antes as peripécias no idílico bairro do Limoeiro contavam com pichações e xingamentos, hoje o roteiro já traz uma preocupação com o bullying e outras questões importantes. Reformulado, Cebolinha agora escreve desaforos à Mônica em uma cartolina pregada à parede e esta, após distribuir coelhadas nos meninos, percebe que a violência já não é a melhor solução.

Os novos gibis também se adaptaram para atender a uma demanda por maior representatividade. Por isso é cada vez maior a presença de personagens de diferentes etnias, raças e com necessidades especiais. A mais recente é Milena e sua família, a primeira família de personagens negros da Turma da Mônica. “Acredito que todos temos uma responsabilidade social neste mundo. Como trabalho basicamente para crianças, a responsabilidade é maior ainda. Passar para elas que precisamos saber conviver com os diferentes e que em direitos somos todos iguais”, diz Maurício.

Mas todo esse sucesso também não é imune a críticas. Volta e meia ganha repercussão algum assunto envolvendo a Maurício de Sousa Produções, como o almanaque sobre a indústria bélica lançado em 2018, onde a turminha segurava equipamentos militares. Maurício também é constantemente cobrado pela inclusão de algum personagem LGBTI+. Todas essas desconstruções só reforçam a relação intrínseca do público com essas histórias, e também a necessidade de se adaptar aos novos tempos, trazendo referências (e questões) mais contemporâneas. “Os pais curtem ter lido a Mônica que falava com eles na linguagem da época e que se adapta à linguagem do filho. Que pai não aprecia um filho que gosta dos mesmos gostos que ele teve quando criança? Espero que muitas outras gerações divirtam-se com a turminha”, diz Maurício.

Na entrevista a seguir, o criador da Mônica fala sobre a chegada aos cinemas em carne e osso, do seu ambicioso plano de criar um sistema educacional com os personagens e do futuro nos quadrinhos, que inclui mangás, mais álbuns autorais e uma possível turma adulta.


Maurício de Sousa é um dos criadores de HQ mais longevos em atuação Foto: Thiago Medeiros/Divulgação

CONTINENTE O senhor é muito lembrado como um importante empresário, empreendedor, visionário. Mas acho interessante que, ainda que seja tudo isso, o senhor ainda é, essencialmente, um autor de quadrinhos. Qual a importância e o peso das HQs dentro de todo o empreendimento que envolve a Turma da Mônica?
MAURÍCIO DE SOUZA Total. Tudo começou com os quadrinhos. Eu sempre fui fã de quadrinhos. Então, quando resolvi que queria seguir nessa carreira, fui à Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo) para tentar publicar minhas tiras. Como não consegui, ia saindo da redação todo cabisbaixo quando o jornalista Mário Cartaxo me parou, viu meus desenhos e me deu a dica: tentar entrar no jornal em outra função. Como eu sempre li muito, consegui um emprego como copidesque. Depois de um tempo, houve um concurso e acabei ganhando a vaga de repórter policial. E foi nessa época de repórter que consegui publicar a primeira tira do Bidu, em 1959. Como exercer as duas funções era impraticável, optei por ser desenhista. Ainda bem.

CONTINENTE Nos seus sonhos mais ambiciosos o senhor chegou a vislumbrar tudo isso que já alcançou com a Mônica? Qual era o seu sonho com esses personagens?
MAURÍCIO Esse caminho foi de muito trabalho. Com metas pensadas e cumpridas na maior parte das vezes. De qualquer modo, tudo o que faço hoje foi planejado há muitos anos, em alguns casos desde o início das minhas atividades profissionais. Mas muitos dos projetos demoraram a sair, a darem certo. O que sempre encarei como uma coisa normal... como é normal em mim não desistir. A Turma da Mônica é o gibi de maior sucesso do Brasil e domina o segmento infantojuvenil, praticamente. Do outro lado temos os super-heróis, que seguem consistentes e com público fiel.

CONTINENTE Como é carregar esse peso de ser a linha de frente de uma indústria brasileira de quadrinhos em um mercado tão competitivo?
MAURÍCIO O sucesso não só depende de uma boa criação de personagens e de histórias, mas de poder criar uma estrutura para isso. No começo eu fazia tudo, inclusive visitar redações de jornais pelo interior de São Paulo para vender minhas tiras em formato de clichê (chumbo com o desenho em alto-relevo para as impressoras da época). Depois, quando a minha produção tinha que ser de mais de 200 páginas de historinhas por mês (hoje são mais de 1.200), ficou impossível sem montar uma equipe. Tenho hoje desenhistas e roteiristas que fazem esse trabalho, mas nenhuma história é publicada sem passar por minha aprovação e mexidas. Com isso, consigo manter a qualidade que teria se eu mesmo estivesse produzindo tudo.

CONTINENTE O senhor já disse que a Turma da Mônica Jovem foi um dos maiores desafios para seus personagens. Como o senhor avalia o papel dessa linha hoje?
MAURÍCIO Já pensávamos, faz anos, em como seria a Turma da Mônica chegando à adolescência. Mas, em 2008, resolvemos colocar essa produção em prática após vermos que os jovens estavam migrando da leitura da Turma da Mônica clássica para o mangá. Juntei uma coisa com a outra e vimos que a curiosidade não era só nossa. O sucesso está sendo estrondoso. É a revista, em seu estilo, mais vendida no ocidente.

CONTINENTE Qual seria o próximo passo da Turma depois do público jovem? O senhor cogita uma linha da turma adulta, de revistas mensais?
MAURÍCIO Tenho planos de criar a Turma da Mônica Adulta num futuro próximo.


Tradicionais personagens do autor ganharam versão adolescente no Turma da Mônica Jovem Imagem: Divulgação

CONTINENTE As Graphic MSP são um sucesso de crítica e têm levado as histórias da Turma a um outro patamar, até mais experimental. Como foi ver seus personagens reinterpretados por outros artistas? Tinha ideia que daria tão certo?
MAURÍCIO Foi além das expectativas. Não é apenas um prazer como um presente ver meus personagens assim. Se inspiram histórias tão emocionantes para esses grandes desenhistas, acho que consegui passar alguma magia para leitores tão especiais como eles. Não é fácil entregar uma criação própria para outros autores. Mas é altamente compensatória. Claro que para isso correr legal tenho o editor Sidney Gusman, que sabe tudo de mim, dos meus personagens, e que consegue passar aos desenhistas, de forma brilhante, o tipo de filosofia que norteia minhas criações.

CONTINENTE O senhor já falou em entrevistas que as histórias da Mônica não devem levantar bandeiras. No entanto, as narrativas – tanto na linha infantil como nas demais – sempre se mostram bem antenadas, contemporâneas. Como é feito esse debate de abordar assuntos atuais?
MAURÍCIO Todos temos responsabilidade social neste mundo. Como trabalho basicamente para crianças, a responsabilidade é maior ainda. Não é por acaso que a personagem Mônica foi a primeira virtual a ser convidada para ser Embaixadora do UNICEF, depois do Turismo no Brasil e também Embaixadora da Cultura do Brasil.

CONTINENTE Em 2009, uma das histórias da Tina sugeria que Caio, um dos personagens, era gay e isso acabou gerando um debate grande na internet. Como o senhor lida com essas cobranças, essas críticas?
MAURÍCIO Sempre estamos antenados no que os leitores nos dão de retorno. Hoje, com a internet e as diversas plataformas sociais isso fica até mais fácil, pois o retorno é imediato. Nesse caso, nem foi colocado na história que eram personagens homossexuais. Entenderam assim, e já houve muita discussão. Foi bom para nosso entendimento, para sabermos tratar com cuidado e seriedade os diversos temas sociais em nossas historinhas futuras.

CONTINENTE Em 2018, o gibi institucional do Ministério da Defesa causou repercussão. Muitos acreditaram que se tratava de uma propaganda militar e bélica, o que ia de encontro ao imaginário dos personagens. O que o senhor achou desse debate à época?
MAURÍCIO Já produzimos mais de 200 revistas com temas de informação social ou institucional. Não tem viés político, tanto que a produção começou em outro governo. Do mesmo modo, também estamos com revistas que falam de cidadania e ética, contra a corrupção inclusive, em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU). Ou ainda a que passa para os leitores informações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que já foi distribuída para mais de dez milhões de crianças.

CONTINENTE Este ano, tivemos a estreia de Milena e sua família nos gibis da turma, e eles rompem com estereótipos que vemos comumente associados aos negros na ficção brasileira. Já no ano passado, a graphic novel de Jeremias trabalhava de maneira muito interessante a questão do racismo e foi muito elogiada. Essa questão da representatividade junto ao público é algo importante para o senhor? Como isso é discutido e tratado nas histórias?
MAURÍCIO Como citado anteriormente, acredito que todos temos uma responsabilidade social neste mundo. As histórias falam para as crianças que precisamos saber conviver com as diferenças e que, em direitos, somos todos iguais. É o que buscamos passar, além da diversão. Já a Milena foi estudada por anos até ser lançada. E com família completa. Como quando lançamos o Pelezinho e também o Ronaldinho Gaúcho. Tivemos todo o cuidado para não criar um estereótipo, mas algo baseado em pesquisas cuidadosas. E, por isso, a repercussão foi tão grande e favorável em seu lançamento neste ano.

 
Imagem: Reprodução

CONTINENTE Os personagens chegaram aos 60 anos de vida com a essência praticamente intacta. Como é trabalhar com essas criações por tanto tempo, com novas gerações sempre descobrindo os personagens?
MAURÍCIO O segredo de manter um público constante num mercado inconstante é sempre estar antenado na linguagem atualizada das crianças. Os pais curtem ter lido a Mônica que falava com eles na linguagem da época e que se adapta à linguagem do filho. Que pai não aprecia um filho que gosta dos mesmos gostos que ele teve quando criança? Espero que muitas outras gerações se divirtam com a turminha.

CONTINENTE Como está sendo o trabalho para exportar as histórias da Turma da Mônica. Nas suas viagens, como o senhor percebe o apelo da Mônica para outras culturas?
MAURÍCIO Acabo de voltar do Japão, onde criamos a Mauricio de Sousa Productions Japan para podermos trabalhar o mercado japonês com conhecimento e muita criatividade. Já temos alguns produtos lançados e estamos nos preparando para entrar no maior mercado de quadrinhos do mundo. Mas, nesse sentido, nossa produção Mônica Toy tem nos surpreendido. Fez nosso canal do YouTube ser um dos mais vistos. São mais de 10 bilhões de visualizações do Mônica Toy e de outras animações nossas. Mônica Toy são produções de 30 segundos sem falas, apenas sons, e são muito vistas em países como Rússia, EUA, México e Argentina, além do Brasil. Então, o que sinto é que criança é igual em todo o mundo. Mudam algumas questões culturais, mas todas buscam a alegria, partilham a curiosidade pelo mundo e muita vontade de brincar. A Turma da Mônica tem tudo isso e assim pode atingir muitos povos, como tenho visto em minhas incursões pelo mundo.

CONTINENTE Geração 12 é o primeiro produto 100% mangá da sua editora e seria parte de um plano mais ambicioso de adentrar o mercado japonês. Pode nos falar um pouco mais sobre ele?
MAURÍCIO Vimos que havia um vácuo na produção de mangá para essa idade, próxima dos 12 anos. Já que a Turma da Mônica Jovem deu certo usando um pouco da linguagem do mangá, resolvemos fazer agora uma produção mangá puro. Claro que uma das ideias é publicá-la também no Japão. Todos irão se surpreender com essa série.

CONTINENTE Depois de tudo o que o senhor já alcançou, existe algo que ainda não realizou e que deseja colocar em execução?
MAURÍCIO Com tudo o que nós fizemos até agora, com números impressionantes, tiragens grandes, expansão para outros países, como EUA, México, até mesmo o Japão, que é um mercado superdifícil de se adentrar, bastante concorrido, depois de tudo isso, eu tenho que pensar em educação. Quero criar projetos ligados à educação no Brasil, e é isso que vem com força a partir de agora em todos os nossos produtos. É possível ter o viés educacional aliado à diversão e ao entretenimento. Fizemos uma experiência nesse sentido no Japão entrando nas escolas, inclusive com apoio do governo japonês, com resultados muito bons. Temos tido bastante contato também com os consulados japoneses, o que ajuda muito as crianças que chegam lá e precisam de orientação para se adaptarem aos hábitos e costumes locais. Eu gostei muito da experiência que fizemos por lá e quero repetir aqui no Brasil e também em outros países. Quero chegar diretamente às escolas e fornecer o que elas precisam em termos de material paradidático, principalmente para o público infantil. Mas também queremos levar essa proposta educativa aos nossos conteúdos em outras plataformas, como o YouTube, que inclusive tem alcance global. É isso a nossa maior ambição a partir de agora.

CONTINENTE Mas como aliar esse projeto educacional dentro do debate atual da educação no Brasil? Existe alguma conversa com a gestão Bolsonaro para desenvolver algo junto às escolas?
MAURÍCIO Não. Já faz muito tempo que tenho esses projetos ligados à educação e desde então já tive muito contato direto com ministros [da Educação] passados. Mas desisti de trabalhar diretamente com os governos, que não entendiam muito a nossa proposta um pouco mais aberta, de ser algo paradidático e não oficial. Eu gosto de ter essa liberdade para explorar o que eu sinto ser a necessidade das crianças em termos de um melhor aproveitamento escolar. Eu conto com uma equipe de pedagogos e profissionais especializados para trabalhar com esses projetos e isso deu muito certo no Japão. A proposta não é fazer com que o governo atual distribua esse material. Cada país tem seus métodos, seus objetivos e também sua ideologia, que muitas vezes não combinam muito com esse estilo mais livre que quero dar a esses trabalhos. Livre de sistemas, mas alinhado com o que a criança precisa e gosta. Como tenho 10 filhos, posso dizer que já treinei bastante (risos). Eu já consigo sentir se a criança está gostando, se ela está aprendendo. Precisamos que a criança esteja feliz com o aprendizado e para isso vamos contar com o apoio de personagens fortes da Turma da Mônica. Lógico que, para entrar em um projeto paradidático nas escolas, é necessário estar de bem com os projetos governamentais. Mas eu não vou seguir nenhum projeto político. Os governos podem ou não utilizar, colocarei à disposição. Isso é algo muito novo e nunca tinha falado disso antes ao público, pois é algo que estamos desenvolvendo ainda.

CONTINENTE Além dos gibis da Turma da Mônica, o senhor espera levar esse projeto a outras mídias?
MAURÍCIO Todo o processo de criação nosso será utilizado nessa plataforma educacional que quero lançar.

CONTINENTE Aos 83 anos, o senhor ainda participa ativamente das decisões criativas e operacionais da editora? Como é sua rotina de trabalho?
MAURÍCIO Simples. De manhã, trabalho em meu escritório de casa e, em alguns dias, vou para a empresa antes do almoço. Passo o dia em reuniões e acompanhando toda a produção de revistas, animações, games, livros e produtos de licenciamento. Para mim, não é apenas trabalho, mas o que eu gosto. Então é diversão.

CONTINENTE Como enxerga a Mônica e os demais personagens em um longo prazo? Em uma entrevista recente, o senhor me disse que ainda estão na metade do caminho e que ainda há muito a fazer. Pode nos compartilhar um pouco dos seus sonhos?
MAURÍCIO Todo dia, eu sonho. Toda noite, eu sonho. Então, meu estoque sempre está em alta. Tento realizar o máximo deles, mas a demanda é grande. Sempre. (risos) Os personagens ganham força pelos próprios leitores, e estamos cada vez mais criando alternativas para ganhar mais leitores. Sonho poder vender tantos livros no futuro quanto vendo gibis. E já estamos no caminho certo. Ano passado, vendemos mais de dois milhões e meio de livros. Em plena crise do setor, crescemos.

PAULO FLORO é jornalista, mestre em Comunicação Social e editor da revistaogrito.com

Publicidade

veja também

“O que eu ouvia é que isso não era uma profissão” [parte 2]

“O que eu ouvia é que isso não era uma profissão” [parte 1]

“Arte demanda um completo sacrifício”